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sábado, 24 de abril de 2010
3 X A Igreja do Diabo
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quinta-feira, 15 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
Relatório 7

RELATÓRIO 3 EM 1
16 de março de 2010
por Antônio Gomes
Um ritual medieval de consagração !
O trabalho coordenado por Celso Amâncio partiu de um relaxamento com direito a massagem . E assim, foi dado o primeiro passo, ainda suave do porvir...
Propôs em seguida um exercício de improvisação: Ouviríamos, ainda sem movimento e em silêncio, uma música, a partir da qual, gradativamente, em comunhão com seu pulsar, deixaríamos o acontecer.
Gente virou bicho; bicho virou anjo: Deus, diabo, dança, festa? O que foi aquilo?
Ao gradativo crescendo de uma canção medieval profana, os deuses parecem ter iluminado o grupo. Um quase elenco foi entrando em harmonia. Danças conjuntas; personagens em conflito! Pássaros voavam...
De fato, a diversão tornou-se possível. Um quadro de Hieronymus Bosch? Sim, intuitivamente a cena foi se desenhando em acordo com o "commune" e com a estética do som !
Inconsciente coletivo, ou por magia, o exercício possibilitou encontros improváveis e união do conjunto.
Deus e o diabo na terra dos Super-heróis!
Ir ao dentista pode ser desconfortável! Mas quem pode negar, o quanto é necessário!
Brincadeiras a parte, sempre chega a hora da verdade.
A segunda atividade da noite foi justamente encenarmos, conforme combinado, trechos relacionadas a "Igreja do Diabo" e a crônica dos "Super-heróis" sob o olhar clínico de José Augusto. Parênteses (E isso dói !)
Dói, mas é bom.
Assim, fomos afinando. Colhemos material, muita coisa boa, mas, como o próprio diretor disse: Devemos entrar na fase da verticalização ! (Aprofundamento). Logo, ficou tratado que nessa quarta, além de qualquer atividade extra, cada grupo procuraria afunilar, detalhar uma cena.
Finalizo com a frase de Augusto, com a qual concordo, mas antes de mim, Ezra Pound e outros tantos:
"Menos é mais...Menos é mais!....(mas completo)
SENÃO...TUDO FICA MAIS OU MENOS !
segunda-feira, 22 de março de 2010
Relatório 6

Esquecemos de algo?!
Esqueci de anotar o recado. Esqueci de dar os parabéns. Esqueci.
Você se esqueceu do que fez final de semana passado? Esqueci.
Você já se sentiu esquecido? Esqueci.
Esquecimento é fato no ser humano e sem nenhuma novidade. Grandes estrelas entraram no anonimato. E não estamos falando de estrelas momentâneas de reality show e sim de “pessoas” que fizeram parte de nossa vida, de nossa infância. Este foi o tema desta semana no “3 em 1”: SUPER-HERÓIS ENVELHECIDOS. Aqueles que você brincava quando pequeno e achava-os o máximo, mas hoje estão, simbolicamente, no: Retiro dos Super-Heróis. Simplificando: Asilo.
Baseado no texto ficcional, da coluna do jornal Folha de São Paulo, escrito pro Moacyr Scliar chamado “OS SONHOS DOS SUPER HEROIS”, nesta terça-feira (09/03) surgiram três cenas diferentes com os incríveis heróis, uns que entraram no esquecimento, outros que foram parar no inferno por não terem cumprido suas devidas obrigações e outros que vêem o tempo passar, poeticamente.
O tempo passa depressa e não vemos. E mesmo um super-herói não consegue fazer com que isso mude. O tempo passa.
Fracasso? Você já se sentiu fracassado? Imagine quem veio ao mundo para salvar a humanidade e fracassa. Inferno é pouco para eles? Ou o diabo não tem nada a ver com isso?
Esqueceu o que foi dito primeiro? Esqueci.
Esqueceram de te agradecer pelo dinheiro emprestado?
Esqueceram. E isso dói.
Pior, esqueceram daqueles que os salvaram inúmeras vezes de bichos horripilantes em sonhos. Ou mesmo, esqueceram de visitar o vovô Super-Homem e a vovó Maravilha.
Opa, um momento, se esqueceram deles...esquecerão de nós?
Esqueci.
terça-feira, 16 de março de 2010
O Elefante no palco

por Antônio Gomes
"Ator: artesão da ação em detalhe”
O elefante estava assistindo um ensaio teatral. A mesma cena era repetida inúmeras vezes! O “animal” pensava:
- Como é fácil, é só perceber: Olha aquele ator, movimentou de mais os braços – não precisava; aquela atriz, nossa, numa viradinha de olhar resolveu a cena!
O elefante – por natureza- um cabeçudo, realmente “entendia” tudo; raciocinou:
- O ator é um artesão da ação em detalhe: quando pisa no palco, cada movimento, inclusive de pálpebras, um dedo, tudo significa, logo, como é importante economizar!
Estava o tal, em sua filosofia cabeçuda, quando o Diretor convocou-o:
- Oh, Dumbo, vai para o palco, quero ver se tu és tão bom agindo quanto falando!
Necessário lembrar que, a cada parada do ensaio, ele era o primeiro a dar opiniões sobre os resultados; confiante de ter “entendido” tudo.
Assim, ele e sua tromba entraram em cena – racionalmente - dispostos a delicadeza de uma bailarina, pensava:
- Detalhe, detalhe, não se movimente tanto...
Tudo corria bem, ele era o amante deitado ao lado de uma mulher, quando o parceiro(a) desta chegava e os pegava no flagra. (Mal precisava abrir a tromba).
O animal estava indo bem, quase não se movimentava; por vezes, sentiu a emoção de ser aquele que fora pego de surpresa na casa de alguém, agarrando uma dona de casa.
Resumindo, “entendendo” que havia de defender sua amante do "agressivo" cônjuge. partiu para cima; sem noção de peso, ou tamanho; rolaram coxia abaixo a atriz - que fazia o marido traído -; algumas toneladas de falta de consciência corporal, assim como, qualquer possibilidade de significação da cena...
Moral da estória:
- Não basta cabeça; muito menos força. Não basta conseguir ver o que há de errado. O ator parece ter que “sentir entendendo”; “emocionar-se atento” e, manter a mais absoluta consciência do seu corpo, do espaço – inclusive do corpo e espaço da pessoa com quem contracena... Pensou:
- OH, essa “inteligência” , oras bolas, serviu-me de nada!
OBS: Crônica inspirada em exercício de improviso (Pretexto), proposto e dirigido por “José Augusto”, momento de muito aprendizado sobre a arte de estar no palco.
sábado, 13 de março de 2010
Sinisterra
segunda-feira, 8 de março de 2010
Atualizando...
A última semana foi tão corrida que acabei deixando de atualizar nosso blog como devia... Assim, vamos um post em das partes
segunda-feira, 1 de março de 2010
Todo animal é mágico
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Bichos!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Relatório 3

Dramaturgia: a partitura encenada!
Como já foi escrito por Celso, tivemos, na última terça-feira, um encontro encantador com o dramaturgo e diretor de teatro Samir Yazbek. Um apaixonado pela arte do teatro, Samir nos “deu de beber” um pouco de suas palavras e experiências pela arte da dramaturgia e do teatro.
Samir conversou com uma platéia atenta, formada por alunos da oficina e outros espectadores, sobre dramaturgia, passando pelos movimentos de grupos teatrais em São Paulo, o que, segundo ele, fez com que a cena voltasse à cena, até a importância do ensino de dramaturgia no Brasil, bem como a política pública e privada para o fomento da arte teatral no país.
Um apaixonado pelas Palavras, ele discorreu sobre sua utilização de maneira precisa, bem feita, bem costurada e falou sobre a importância da encenação como resultado final para conhecimento do texto dramático.
Com leveza e energias positivas, Samir foi respondendo às perguntas do público e em uma delas, a que me deu a luz para o título deste texto, ele fez alusão à encenação e leitura do texto dramático como o trabalho de composição e interpretação da partitura pelo músico.
Ao final, ficamos com vontade de não parar a conversa e com um pedido latente: Samir, componha mais partituras!
Na eternidade das baratas
Com a proposta de fazermos uma encenação, à partir da leitura do conto de Clarice Lispector, Cinco Relatos e Um Tema, esta quarta–feira, tivemos um encontro delicioso com a eternidade das baratas.
Cada um dos seis grupos encenou e assistiu a interpretação diferente, complementar, engraçada, densa e inusitada do conto.
A mistura açúcar, farinha e gesso (para quem não leu o conto, vale a pena em entender que a mistura é receita antiga) apareceu em suas várias facetas:
Na encenação do diálogo da mulher consigo mesma, com seu inconsciente; na posição cênica do relembrar fragmentos da história de uma mulher; numa conferência, um tanto quanto peculiar, de baratas; numa trilha sonora de dar susto e vontade de gritar, quando se vê uma barata; numa barata narradora personagem, asfixiada pelo golpe antigo de chinelo, e nas breves histórias do rito da mistura e do medo de baratas.
Deu para sentirmos o gosto do começo e que vamos colher lindos frutos, ao longo desta oficina!
Seguindo a tradição: 3 vivas ao Teatro em 1 texto pelo Teatro:
Um viva à Paulo Autran: um dos maiores atores do teatro brasileiro!
Um viva à Calcida Becker: grande atriz do teatro brasileiro!
Um viva à Samir Yazbek: dramaturgo e diretor de teatro brasileiro!
Beijos e boas energias
Renata
(e olha essa imagem da Clarice... parece até que ela está num filme do Bergmann)
sábado, 6 de fevereiro de 2010
A quinta, a sexta, a sétima história...
Queixei-me de baratas! Mas elas nos dominaram na última quarta-feira. Deixaram o lixo para ganhar consciência, corpo-humano, organizarem-se em congressos e se tornaram nosso espelho. As baratas reivindicam um lugar concreto em nossa cabeça. Clarice que o diga. O que terá pensado seu fantasma naquela evocação de seu nome?
Gostei muito do que vi, do que foi criado quase no improviso, entre tempestades e muita vontade. Por fim vemos que o teatro não pode perder seu lado lúdico... apresentamos propostas de encenação e brincamos com o espaço, com o texto, com as baratas...
Da primeira cena nos surpreendeu a intensidade do texto e boa desenvoltura das atrizes, tive depois um insight... a cena me lembra um momento do filme “The Naked Lunch” de David Cronenberg. Já viram? Tem uma mulher no filme que é viciada em veneno de barata e se torna grotesca e sensual ao mesmo tempo. Fiquei imaginando que aquela cena ficaria interessante com uma pitada de grotesco....
Da segunda cena me marcou a precisão das meninas, a composição da imagem que elas conseguiram criar, fazendo as vozes da personagens ecoar em diferentes tonalidades.
Da terceira cena mergulhei no mundo de Ionesco, Pirandello e outros nomes do teatro do absurdo. Uma situação inquietante, uma incrível tensão sarcástica na reunião das baratas.
Da quarta cena me surpreendeu o jogo entre mulher e barata que se aproximava de uma coreografia, aproveitando muito bem a guitarra do Pink Floyd e uma entrada épica de um radialista.
Da quinta não podemos deixar de esquecer o tragicômico relato da barata enquanto a trama das duas mulheres se desenvolvia. Uma cena que se aproximou muito do encadeamento do conto, conseguindo se realizar com boas soluções cênicas.
Da sexta, coroando o encontro, tivemos metalinguagem. O grupo comentando o próprio processo, com bom humor, apropriando-se de maneiras diversas da própria voz de Clarice e transformando a farinha letal em outra farinha...
Agora pessoal, vamos adentrar na igreja do diabo!
(Na foto o segundo grupo. Como fui eu que tirei as fotos elas ficaram péssimas, essa foi uma das poucas que salvou. Mas nos próximos exercícios tentaremos resolver essa questão)
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Samir em três atos
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
sábado, 30 de janeiro de 2010
Leibnitz e a transcendência do amor na Polinésia
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu e tudo o que se sucedeu, do
preparo do banquete macabro ao extermínio calculado, é a mais pura das
verdades, da qual não há o que tirar ou por. Nos dias seguintes,
vigiei. Por precaução, renovei a dose do preparado letal, mas a
notícia entre as baratas deve ter corrido mais rápida do que elas
próprias. Os insetos não voltaram!
Vim, espargi e venci. Simples assim.
Quem dera!
Não conseguia livrar-me do costume de examinar frestas, de abrir
gavetas com cuidados extremados, da lembrança de quando,
inesperadamente, algo se movia dentro de meus sapatos, tentando
escapulir entre os dedos. Dormia um sono agitado, o mais leve
farfalhar das cortinas fazia-me levantar sobressaltada, com o chinelo
em riste, procurando movimentos suspeitos na penumbra. A repulsa das
baratas continuou impregnada em mim, na minha alma!
Certa noite, após achar ter ouvido um roer na prateleira, o sono
custou a vir. Examinei cuidadosamente os vãos entre os livros,
principalmente na seção reservada à Kafka. Nada! Antes de voltar à
cama, pesquei aleatoriamente um volume, “Novos ensaios sobre o
entendimento humano”, de Leibniz, que teimo grafar “Leibnitz”, com
“t”, por causa da uma antiga professora de filosofia que... bem, essa
é outra história, talvez a próxima da série e que, portanto, deixo
para depois. O importante é que resolvi ler “Novos ensaios” na
tentativa de entender as disposições da alma que conduzem o agir
presente. Queria mesmo era livrar-me das baratas ocultas, rastejantes
em meu inconsciente e que me punham de sobreaviso nas pontas dos pés
dentro de minha própria casa.
Esforcei-me em compreender a definição filosófica do sábio acerca da
‘contingência humana’, pois que vinha mergulhada numa daquelas, mas o
sentido lógico escapou-me por completo. Talvez o empirismo de Locke
fosse mais útil para mim. Já a noção de ‘ação espontânea’ – quando o
princípio de determinação está no agente, não no exterior deste, e a
ação depende, em última instância, do indivíduo – captei de pronto
usando puramente a intuição.
Oh, Deus! Filosofar altas horas da noite por causa de reles baratas?!
Eu as podia sentir enquanto lia, estavam ali, dentro de mim, não no
exterior, em ação espontânea, vasculhando as tubulações da minha
imaginação.
Quando cheguei ao capítulo sobre ‘reflexão’, um fato cristalino saltou-
me aos olhos. Dizia o texto do célebre alemão: “o que diferencia o
animal humano dos demais é a capacidade de reflexão, de pensar a ação,
e de saber por que agem”. Bom, realmente não fazia a mínima de por que
vinha agindo daquela maneira em relação aos fantasmas das baratas
friamente exterminadas. Afinal, teria eu perdido o último elo que me
distinguia dos animais?
Fechei o livro, desconsolada e confusa, invadida por uma onda de
angustia ainda maior do que a angustia que sentia ao ver insetos. Meus
dedos correram febris para o controle remoto da TV, a única chance que
tinha de escapar naquele momento da realidade opressora do quarto...
claro, excluindo a possibilidade de servir-me dum coquetel mortal à
base de farinha e gesso, que sabia preparar tão bem.
Apertei seguidas vezes a tecla ‘V’, escalando canal a canal, esperando
sintonizar algo incongruente que pudesse ao menos distrair-me um
pouco, o que não tardou: a imagem dum homem barbudo falando sobre
certo quadro abstracionista surgiu; sua desenvoltura num traje formal
pretendia convencer o leigo de que a obra era mais simples do que se
supunha enquanto ele próprio, mais complexo do que aparentava.
“Este quadro – dizia o homem - titulado UPWARD, de 1929, como o nome
diz, representa a transcendência da matérial... tema recorrente na
fase pré-septuagenária de Kandinsky...”
Meu cérebro exausto puxou pela memória: Kandinsky, o célebre pintor
russo naturalizado francês, o “pai da abstração”. Encarei a UPWARD na
tela da TV; a pintura exibia um misto de chave e fechadura e que, sem
dúvida, não era nem uma coisa, nem outra. Imaginei-a virada de cabeça
para baixo... não ficaria, assim, tão mal.
Quando pareço idiota apenas por distração sou insuportável; é também
sinal da supremacia do cansaço sobre a mente, que teimava manter-se no
comando. Provavelmente o significado da pintura, como dito, era
exatamente aquele, a ‘transcendência da matéria’; para mim, no
entanto, significou a transcendência do estado de vigília para o do
sono.
O programa de TV fez uma pausa, um ligeiro intervalo comercial,
suficiente para que eu saísse em busca de Eurídice no reino de Hades
embalada pelos acordes de Orfeu.
Meus olhos reviraram lentamente, com certa brandura até, enquanto a
vinheta sussurrava a próxima atração televisiva: ‘Amor na Polinésia’.
Algo relacionado à vida marinha no arquipélago ou à lua de mel nos
resorts das ilhas?
Leibnitz versus Locke, Liberdade versus... determinação...
contingência... espontaneidade... reflexão... minha reflexão turvou-
se... não sabia dizer se era humana... ou animal... o importante é
que... já não importava...
Naquela noite, depois de muitas, muitas outras, não pensei em baratas,
mas apenas em Leibnitz e a transcendência do amor na Polinésia.